FALAR SAÚDE Nº 48: Vida: várias escolhas, um caminho

Prof, Isabel Cristina
02/04/2013

A vida é feita de escolhas e opções, nas mais variadas áreas, sendo elas as responsáveis por caraterizar o estilo de vida de cada um. A alimentação não é exceção, sendo que uma das várias opções é o vegetarianismo...

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Rubrica GOVCIC 02 de Março de 20
 

 

  Rubrica
Falar Saúde
2 de abril de 2013

 

 

 

 

 


Muda de vida se tu não vives satisfeito
Muda de vida, estás sempre a tempo de mudar
Muda de vida, não deves viver contrafeito
Muda de vida, se há vida em ti a latejar
António Variações


Falar Saúde Nº 48
Vida: várias escolhas, um caminho

A vida é feita de escolhas e opções, nas mais variadas áreas, sendo elas as responsáveis por caraterizar o estilo de vida de cada um. A alimentação não é exceção, sendo que uma das várias opções é o vegetarianismo (proveniente da palavra latina “vegetus”, que significa forte, vigoroso, saudável).

O vegetarianismo é uma opção alimentar que, por uma razão pessoal, pública ou até mesmo religiosa, consiste numa renúncia consciente do consumo de todo o género de carnes (mamíferos, peixes, aves, crustáceos, moluscos) e igualmente de outros produtos alimentares que impliquem a morte de animais (gelatina de origem animal, por exemplo).

É frequente pensarmos que a sociedade adepta deste regime alimentar é, exclusivamente, defensora dos animais, ou seja, erradamente consideramos as razões éticas relativamente ao respeito pela vida animal o único motivo que leva a alguém ser vegetariano. É certo que este é um dos motivos mais comuns, no entanto existem outros com igual relevância.

Entre eles destacam-se as questões dietéticas. Por exemplo, quem sofre de níveis altos de colesterol não tem grandes alternativas a não ser reduzir o consumo de gordura saturada, evitando a carne. O perigo para a saúde pública, ou seja, a divulgação de notícias sobre potenciais perigos para a saúde pública também levou muita gente a deixar de frequentar os talhos e as peixarias. E, ainda, por convicções religiosas: há milhares de pessoas que não se alimentam de carne por razões meramente religiosas como os hindus, que consideram as vacas sagradas e não as comem; o budismo que faz a apologia do vegetarianismo, admitindo, contudo, o moderado consumo de carne de porco; a igreja católica, no passado, além dos jejuns, também limitava a ingestão de carne, esta só se comia em dias festivos e em casos de doenças.

Todavia, o vegetarianismo é um conceito mais complexo, tendo várias vertentes com diferenças bastante significativas entre si, podendo assim, implicar a renúncia a outros tipos de alimentos. Assim, existe o regime:

  •  Ovo-lacto-vegetarianismo - Consiste no não consumo de carnes e de outros produtos derivados que impliquem na morte direta do animal, porém, permite o consumo de outros “alimentos” de origem animal, como por exemplo lacticínios e ovos.

  • Ovo-vegetarianismo - Semelhante ao ovo-lacto-vegetarianismo com a exceção de que não há consumo de lacticínios ou outros produtos que contenham estes derivados.

  •  Lacto-vegetarianismo - Semelhante ao ovo-lacto-vegetarianismo com a exceção de que não há consumo de ovos ou outros produtos que contenham estes derivados.

  • Veganismo - Uma vertente mais complexa e abrangente do vegetarianismo, sendo na realidade muito mais do que um simples regime alimentar. É uma verdadeira e profunda filosofia de vida, que procura excluir todo o tipo de sofrimento que possa ser causado nos animais, tanto no setor alimentar como noutros (experimentação animal, entretenimento, peles). Na alimentação, o veganismo exclui todo o género de produtos de/ou com ingredientes de origem animal, desde as carnes até ao consumo de ovos, lacticínios, mel, entre outros.

  •  Crudivorismo - Regime alimentar que se baseia apenas no consumo de alimentos crus ou só aquecidos até aos 40 graus celsius, de forma a manter intacto o potencial das propriedades nutricionais do alimento. Este regime alimentar pode ser ovo-lacto-vegetariano mas normalmente é vegan, ou seja, exclusivamente vegetal.

  •  Frugivorismo - Consiste exclusivamente no consumo de frutas (frutas e frutos secos), cruas ou cozinhadas. Quem costuma ter este tipo de alimentação fá-lo essencialmente por questões ambientais e éticas relativamente às plantas, pois este regime alimentar não necessita de as destruir.

Dependendo do tipo de regime, o vegetarianismo pode ter benefícios e riscos para a saúde do individuo. Segundo a ADA (American Dietetic Association) uma alimentação ovo-lacto-vegetariana tem como benefícios conter maior teor de hidratos de carbono, fibras, magnésio, potássio, ácido fólico, antioxidantes, tal como as vitaminas C e E. E menor teor de gordura saturada, assim, como de colesterol que explica a menor incidência de colesterol total e o chamado LDL (o "mau" colesterol) originando, consequentemente, menores taxas de problemas cardiovasculares como a pressão arterial, obesidade, diabetes e casos de cancro, nomeadamente de zonas do trato digestivo, como o do cólon.

Por outro lado, uma alimentação vegan, que exclui qualquer produto ou subproduto de origem animal, pode originar perigos para a saúde, respetivamente a carência de nutrientes. Assim, pode ocorrer a carência da vitamina B12 (exclusivamente de origem animal), que pode resultar em problemas de anemia ou alterações neurológicas. Ou do mineral ferro em que, apesar de existir em leguminosas, a sua absorção por parte do organismo é inferior, quando de origem vegetal. O cálcio, o zinco, outras proteínas e vitaminas, podem ser encontrados em vegetais, contudo uma alimentação planejada é indispensável para que não haja carência destes nutrientes.

Concluindo, ser vegetariano deve ir muito além de uma mera tendência ou moda e não é apenas comer vegetais e excluir o resto da alimentação. Ser vegetariano passa, necessariamente, por um planeamento cuidado da alimentação e pelo conhecimento das necessidades básicas do nosso organismo.


Cátia Pereira, 12BT2
Prof. Isabel Cristina (revisão cientifica).

 

 

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