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Rubrica
Falar Saúde
15 de fevereiro de 2016 |
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Não são as más ervas que sufocam o grão, é a negligência do
cultivador.
Confúcio
Falar Saúde Nº 88
Proteína do futuro
A Assembleia Geral da ONU declarou 2016
como o Ano Internacional das Leguminosas (AIL), sob o lema “Sementes
nutritivas para um futuro sustentável”. Os objetivos desta escolha
prendem-se com a necessidade aumentar a consciência pública para os seus
benefícios nutricionais, para assim promover a sua produção, comércio e
consumo, principalmente em países em desenvolvimento. Segundo a FAO,
apesar dos seus grandes benefícios, o valor das leguminosas não é ainda
reconhecido.
José Graziano da Silva, diretor-geral da
Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação, a FAO,
destaca que “as leguminosas são colheitas importantes para a segurança
alimentar de grande parte das populações, em particular na América
Latina, África e Ásia”, sendo “produzidas por pequenos agricultores”.
Por sua vez, Ban Ki-moon, secretário-geral da
ONU, salienta que estes alimentos “contribuem de forma significativa
para combater a fome, a desnutrição e os desafios ambientais e de
saúde”. De facto, a sua capacidade de fixar o azoto faz diminuir a
emissão de carbono e contribui para aumentar a fertilidade do solo,
melhorando a sua pegada ecológica em relação a outras culturas, o que
faz destes alimentos uma ótima opção sustentável.
Cartão de Cidadão das leguminosas
O que são?
Na botânica, as leguminosas
definem-se como sendo um grupo heterogéneo de plantas que apresentam
como principal característica o fruto em forma de vagem, mas, na
alimentação, é mais comum referirmo-nos às suas sementes. Assim, as
leguminosas são grãos secos para consumo humano, tais como lentilha,
feijão, ervilha e grão-de-bico, fava, tremoço, entre outros, e fazem
parte de uma dieta saudável.
Características nutricionais
As
leguminosas:
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são ricas em proteínas vegetais saudáveis; contêm o
dobro das encontradas no trigo e três vezes mais do que no arroz;
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são pobres em gordura e em açucares;
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contêm quantidades importantes
de fibras alimentares: solúveis e insolúveis;
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são fontes
interessantes de vitaminas do complexo B (vitamina B1, B2, B3, B9);
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possuem quantidades apreciáveis de minerais (ferro, potássio, magnésio e
zinco);
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são livres de glúten.
Influência na saúde
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Devido ao seu elevado teor de fibra e de hidratos de carbono de absorção
lenta, as leguminosas são muito “saciantes”, ajudando no tratamento da
obesidade.
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Estas propriedades são também responsáveis pela
manutenção dos níveis de açúcar no sangue dentro de valores normais após
as refeições, tornando este grupo de alimentos indispensável a
diabéticos.
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A fibra presente nas leguminosas também reduz o
colesterol e ajuda na digestão e na regulação da função intestinal.
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O consumo regular destes alimentos, juntamente com a fruta e os
hortícolas, tem sido associado a um menor risco de desenvolver doenças
cardiovasculares, diabetes tipo 2 e alguns tipos de cancro.
Como
incluir as leguminosas na alimentação diária?
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Procure ingerir 1 a 2
porções de leguminosas por dia, sendo que uma porção corresponde a: -
1 Colher de sopa (25 g) de leguminosas secas cruas (feijão,
grão-de-bico, lentilhas); - 3 Colheres de sopa (80 g) de leguminosas
frescas cruas (ervilhas, favas); - 3 Colheres de sopa (80 g) de
leguminosas frescas ou secas cozinhadas.
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Adicione-as a sopas e
purés, utilize-as para enriquecer pratos de arroz e de massa, ou para
servir de acompanhamento.
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Pode mesmo utilizá-las como substituto da
carne ou do peixe em algumas refeições.
Segundo os últimos dados
do Observatório dos Mercados Agrícolas, os portugueses consomem cerca de
4 kg de leguminosas por ano, dando preferência ao feijão, valor este que
está abaixo do recomendado. Vamos contrariar estes valores? Não há
desculpas, até em conserva são práticas e mantêm as suas
características.
Prof.ª Isabel Cristina
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