FALAR SAÚDE Nº 105: Malditas frieiras

Prof.ª Isabel Cristina
20/02/2017

Durante a minha infância, e parte da adolescência, sofri horrivelmente com as queimaduras provocadas pelo frio que me atacavam sobretudo as mãos, mas também os pés...

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Rubrica GOVCIC 02 de Março de 20
 

 

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Falar Saúde
20 de fevereiro de 2017

 

 

 

 

 


A atividade vence o frio; a inatividade vence o calor; assim, com a sua calma, vai o sábio corrigindo tudo no mundo.
Textos Taoistas


Falar Saúde Nº 105
Malditas frieiras


Durante a minha infância, e parte da adolescência, sofri horrivelmente com as queimaduras provocadas pelo frio que me atacavam sobretudo as mãos, mas também os pés. A minha mãe mandava-me usar luvas, a minha avó fazia-me uns cremes caseiros e nada parecia resultar. Com o tempo, as malditas foram desaparecendo até que, a partir de determinada altura, deixei de sentir o seu efeito.

Por esta razão, sou bastante sensível a esta questão, especialmente quando vejo as mãos dos meus alunos vermelhas e inchadas, ao mesmo tempo que se queixam da mesma aflição. Para eles, e para todos aqueles que sofrem deste mal durante o inverno, fica aqui uma palavra de conforto.

Encontrei o texto que se segue na página em linha “Médicos de Portugal” e achei-o simples e direto para quem quiser saber um pouco mais sobre esta tormenta que “não mata, mas mói”.


O que são?

Frieiras são uma doença provocada pela exposição ao frio que atinge, sobretudo, as zonas mais expostas ao ar e humidade: mãos, pés, nariz e orelhas. Pode também aparecer, embora menos frequentemente, a nível dos cotovelos, joelhos e partes inferiores das pernas.

As frieiras manifestam-se por uma inflamação dolorosa da pele que fica branca, fria, insensível, com comichão, inchada e vermelha. Em casos mais graves, podem levar à formação de bolhas e dar origem a feridas. Não sendo uma doença grave, é, no entanto, bastante incomodativa provocando algum sofrimento.

As pessoas que sofrem de frieiras têm reação anormal ao frio. Têm dificuldade em manter a temperatura corporal das zonas expostas, por alterações verificadas a nível dos pequenos vasos sanguíneos superficiais que se contraem e apertam excessivamente, não permitindo que o sangue circule, normalmente, até às extremidades e aqueça a pele.

Afeta muitas pessoas no nosso País, particularmente as mulheres e, entre estas, as mais jovens e os idosos. Na sua origem, parecem intervir fatores genéticos, hormonais (as mulheres possuem pior circulação nas extremidades e reagem pior a mudanças de temperatura, devido nomeadamente às alterações menstruais) e problemas circulatórios.

As condições climatéricas, tais como o frio e a humidade, são fatores desencadeantes e agravantes. A doença é mais frequente nos meses de inverno e nas regiões do País com temperaturas mais baixas e húmidas (a humidade aumenta a condutividade do frio) e em particular nos meios rurais. Aqui, também, está relacionada com o tipo de trabalho realizado na agricultura que expõe as pessoas mais frequentemente ao frio.


Tratamento

Os cuidados preventivos são essenciais para evitar o aparecimento das queixas, sendo consideradas as medidas mais eficazes as seguintes: as casas devem estar bem aquecidas, e deve usar-se roupas adequadas (luvas, calçado apropriado, gorros de lã, etc.). Se tiver tendência para sofrer de frieiras, deve proteger-se do frio, cobrindo as zonas afetadas com roupa de preferência de lã.

As frieiras melhoram com o calor pouco intenso e com a massagem suave da zona afetada. O exercício físico moderado é útil, pois ativa a circulação sanguínea aumentando a temperatura corporal. Não deve aquecer diretamente as mãos no calorífero a altas temperaturas. As lavagens repetidas das mãos por causa da louça e outras atividades domésticas facilitam o aparecimento de frieiras.

As frieiras são difíceis de tratar e podem persistir por vários anos. Em geral, curam-se por si só, apenas com o recurso às medidas preventivas.

Em casos graves, podem ter utilidade fármacos com ação vasodilatadora que melhora a circulação do sangue nas extremidades. Devem ser usados por indicação médica. Também deve solicitar um conselho médico se as frieiras criarem bolhas ou ulcerarem, pois podem necessitar de cuidados especiais. É errado aplicar cremes com cortisona, dado que estes produzem uma vasoconstrição secundária, que vai agravar ainda mais o problema circulatório que é a causa desta doença.

Existem produtos “naturais” usados nesta doença, mas sem estudos científicos que comprovem quaisquer benefícios no seu tratamento, pelo que devem ser evitados. Muitos deles, para além de não terem utilidade terapêutica, podem causar ainda mais irritação na pele.


Prof. Isabel Cristina

 

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