FALAR SAÚDE Nº 109: Quantos “likes” tens?

Prof.ª Isabel Cristina
23/05/2017

Um novo estudo da Universidade de Pittsburgh sugere que, quanto mais intenso é o uso das redes sociais, maior é a probabilidade de nos sentirmos sozinhos...

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Falar Saúde
23 de maio de 2017

 

 

 

 

 


«“Não é nenhuma vergonha ser-se feliz.
Vergonhoso é ser feliz sozinho.”.»
Albert Camus


Falar Saúde Nº 109
Quantos “likes” tens?

Um novo estudo da Universidade de Pittsburgh sugere que, quanto mais intenso é o uso das redes sociais, maior é a probabilidade de nos sentirmos sozinhos. Segundo o relatório, quem passa mais de duas horas, por dia, nas redes sociais duplica a probabilidade de se sentir socialmente isolado.

Neste estudo, participaram 1787 adultos (uma amostra representativa da população americana) entre os 19 e os 32 anos que foram questionados relativamente ao uso que fazem das 11 redes sociais mais populares em 2014, altura em que o estudo se iniciou: “Facebook”, “YouTube”, “Twitter”, “Google Plus”, “Instagram”, “Snapchat”, “Reddit”, “Tumblr”, “Pinterest”, “Vine” e “LinkedIn”.

Concluíram que as pessoas que visitam as suas redes de eleição mais de 58 vezes por semana estão 3 vezes mais expostas ao isolamento do que as que as usam menos de 9 vezes. Assim, este estudo confirma que, embora o “stress” ou o medo de perder o que está a passar-se “online” seja já um problema associado ao uso excessivo das redes sociais, os problemas não se ficam por aí.

Seja como for, os autores alertam que não fica claro se são as redes sociais que causam isolamento ou se simplesmente as pessoas mais isoladas tendem a passar mais tempo nas rede sociais - para tentar preencher esse vazio. "É possível que os jovens adultos que inicialmente se sentiam socialmente isolados se tenham virado para as redes. Ou simplesmente o uso das redes sociais levou, de alguma forma, à sensação de isolamento do mundo real", disse ao jornal “The Independent” uma das autoras do estudo, Elizabeth Miller, também professora de pediatria da Universidade de Pittsburgh.

Certo é que a relação entre as duas variáveis existe, mesmo quando consideramos as diferenças demográficas entres os participantes. Para além daquilo que os utilizadores das redes sentem, há uma outra questão prática que é óbvia: quanto mais tempo se perde “online”, menos tempo se pode reservar para as interações sociais. O estudo recorda ainda que o isolamento é uma causa de mortalidade e morbilidade e que, com o aumento dos suicídios entre os estudantes e jovens adultos, é importante escrutinar ao máximo o papel das redes sociais.

No que respeita à realidade portuguesa, e segundo um estudo da Marktest, o uso das redes sociais triplicou em sete anos, sendo o “Facebook” a rede social mais comum no nosso país. Esperança Afonso, responsável pelo estudo, afirma que, “Entre 2008 e 2015, o número de utilizadores de redes sociais em Portugal cresceu de 17,1% para 54,8%”, tendo em conta que 65,4% dos portugueses usa a Internet. Outra curiosidade passa pelo tempo dedicado às redes sociais: 81 minutos por dia, sendo que as mulheres passam mais tempo, em média, do que os homens, com 92 minutos diários, só sendo ultrapassados pelos jovens com idades compreendidas entre os 15 e os 24 anos, que gastam mais de duas horas (122 minutos).

Estes e outros dados estatísticos podem ser encontrados no estudo “Os Portugueses e as Redes Sociais 2016”.


Prof. Isabel Cristina

 

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