UM LIVRO POR SEMANA: Inês de Portugal

Sugestão de Matilde Silva
23/07/2018

Inês de Portugal, de João Aguiar, é uma das muitas representações da história de Pedro e Inês. Esta obra toma um ponto vista posterior à execução de Inês, sendo maioritariamente narrada por Álvaro Pais, chanceler-mor, e D. Pedro, o rei.

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Rubrica
Um Livro por Semana

 

 

 

 

 


Inês de Portugal


Nome: Inês de Portugal
Autor: João Aguiar
Editora: Leya
Modo/género literário: Narrativo/Romance


Inês de Portugal, de João Aguiar, é uma das muitas representações da história de Pedro e Inês. Esta obra toma um ponto vista posterior à execução de Inês, sendo maioritariamente narrada por Álvaro Pais, chanceler-mor, e D. Pedro, o rei.

Por um lado, aos olhos das mais recentes gerações, este livro pode parecer antiquado e denso; contando com expressões como “sanha” em vez de raiva, “mor” em vez de mais, entre outras, e seguindo a linha de pensamento dos velhos políticos da época, como Álvaro Pais e João Afonso de Meneses. Sem deixar de se remarcar a notável qualidade e rigor históricos presentes na obra, considerando que se trata de um romance, nem de se reparar que, nas notas finais, o autor aborda todas as irregularidades históricas (poucas), tomadas em favor da liberdade criativa.

Por outro lado, há que se apreciar a paixão e realismo, representados sobretudo em D. Pedro, que é, na minha opinião, o personagem mais humano da obra, o que se pode observar com uma desconcentrante honestidade em passagens como “Justamente, Pedro vê-a. Em sonhos e em sombras. (…) o mundo em que vivo é só feito de sonho e de sombra porque a luz, essa, roubaram-ma quando a mataram” (p. 30). João Aguiar consegue dar complexidade e profundidade aos seus personagens sem eliminar o fator histórico nem a vertente política. Consegue construir um ambiente profético e humano, simultaneamente, em volta de momentos icónicos como a morte de Inês de Castro e, posteriormente, a sua coroação como rainha. Assim como a execução dos seus “matadores”.

Além disso, o autor faz-nos sentir com as frases simples e com as pesadas de significado: “(…) o machado rompe mais do que a vida de Inês. É um fim e um começo de outra era. É uma maldição, todos o sentem.”, “Enfim. Vingada, desagravada, coroada. Minha mulher e Rainha”.

Assim, pode-se concluir que Inês de Portugal é uma perfeita balança de fatores que faz da obra algo totalmente merecedor do nosso tempo e atenção.

 

Sugestão de leitura da aluna Matilde Silva, do 10.º H2

 

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