A Circular 14 e a Coragem de (Des)Obedecer - À Conversa com o Neto de Aristides de Sousa Mendes

A Biblioteca Escolar
27/01/2023

A Biblioteca Escolar, no âmbito da Semana da Memória das Vítimas do Holocausto, e em articulação com os Cursos de Artes Gráficas e Assessoria Jurídica e Documentação, promoveu uma conversa intimista com Dr. António Sousa Mendes, neto de Aristides Sousa Mendes.

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Esta conversa foi uma oportunidade única para ouvirmos, pela vertente de um familiar, a história do cônsul português Aristides de Sousa Mendes, que, com imensa coragem, desafiou Salazar, desobedecendo à Circular 14, para salvar as vidas de 30.000 refugiados durante a Segunda Guerra Mundial.


As palavras de seu neto revelaram que, atrás da figura heroica, se escondia um homem complexo, profundamente íntegro e religioso, devoto à família e ao país, e que foi forçado a fazer uma escolha terrível entre a sua consciência e o dever profissional, sabendo que as consequências para si seriam implacáveis.


Esta iniciativa, que teve lugar no Auditório Claret para algumas turmas do CIC no dia 24 de janeiro, pretendeu homenagear a memória de Aristides de Sousa Mendes, levando os alunos a refletir sobre a importância da sua ação durante a Segunda Guerra Mundial, consciencializando-os da importância da defesa dos Direitos Humanos e desenvolver a cidadania e o espírito crítico e de intervenção dos alunos.


Nas palavras ternas do neto, que assumiu a memória do avô como uma missão de vida, redescobrirmos esta figura nossa conterrânea de excelência, sentimos a urgência em dar continuidade às ações, tão importantes e atuais na construção de um mundo com mais respeito e liberdade, com mais tolerância e mais igualdade.


Aristides de Sousa Mendes tinha consciência e tinha-a tão bem formada que o obrigou a contrariar as leis e a enfrentar consequências nefastas para si e para os seus 14 filhos, numa altura em que, no nosso país, se vivia em Ditadura.


Não se deixou levar pelo facilitismo, pela indiferença ou pela omissão. Não desobedeceu em proveito próprio, antes pelo contrário. Foi um ato heroico, muito humano e muito cristão, tão tardiamente reconhecido pelas autoridades do nosso país - tivesse Aristides de Sousa Mendes ficado insensível ao clamor dos milhares que lhe pediram ajuda e o pesadelo do Holocausto seria ainda maior.


Também, Santo António Maria Claret dizia “Sou de coração terno e compassivo que não posso ver uma desgraça, uma miséria, que não a socorra”.


Aceitemos nós o desafio e, de cada vez que (des)obedecermos, que seja por compaixão.

 


Pel’ A Biblioteca Escolar
com os Cursos de Artes Gráficas e Assessoria Jurídica e Documentação

 

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